Desconstruindo as Barreiras que Criamos em Torno do Amor e Vulnerabilidade
Costumamos erguer muros em torno de nós, especialmente em relação ao amor e à vulnerabilidade emocional. Conscientemente ou não, muitos de nós criamos defesas para evitar a dor e a decepção. No entanto, esses mecanismos de proteção — embora possam parecer reconfortantes — têm um custo maior, impedindo-nos de viver plenamente.
Por Que nos Defendemos?
Muitas pessoas desenvolvem essas defesas emocionais após passarem por grandes feridas ou rejeições em suas vidas. Seja em um relacionamento fracassado, uma traição de um amigo ou até em experiências da infância, o impulso de proteger a si mesmo é natural. Todos buscamos conforto e segurança, e evitar a dor emocional parece ser uma forma de autopreservação.
No entanto, essa defesa se torna problemática quando se estende para todos os aspectos de nossas vidas, especialmente nos relacionamentos. Você pode sentir que está se protegendo da dor, mas, na realidade, pode estar bloqueando experiências positivas também. Viver defensivamente é como viver atrás de um vidro: tudo é observado, mas nada é realmente sentido.
Vivendo uma Vida pela Metade
Quando suprimimos emoções negativas, não estamos apenas evitando os sentimentos ruins; estamos nos desconectando da alegria também. Você não pode escolher quais emoções quer bloquear. Você pode achar que está evitando tristeza ou decepção, mas, ao fazer isso, também bloqueia o amor, a conexão e a emoção. Imagine estar à mesa de jantar cheia de comida deliciosa, mas só permitir-se provar uma pequena parte dela — é assim que parece quando suprimimos emoções.
Esse modo de viver, embora aparentemente mais seguro, é uma vida pela metade. Você não está participando plenamente dos altos e baixos da existência. Quando está sempre em alerta, você perde momentos que poderiam ter sido lindos. O medo de sentir dor torna-se tão esmagador que sufoca a sua capacidade de sentir alegria.
O Medo de Ser Machucado
Por que o amor, um sentimento frequentemente associado à alegria e à conexão, também traz medo? É porque o amor nos torna vulneráveis. Ele nos expõe à possibilidade de perda, decepção ou traição. Quanto mais profunda a conexão, maior o potencial para ferir, o que leva muitas pessoas a evitarem se entregar completamente.
Quanto mais nos importamos com alguém, mais nos abrimos para sermos machucados. Esse medo nos torna cautelosos, ou pior, pode nos fechar completamente. No entanto, evitar a vulnerabilidade não nos salva da dor. Isso frequentemente leva à solidão e, ironicamente, acabamos sentindo exatamente aquilo que queríamos evitar — desconexão e falta de afeto.
As Defesas Não São Apenas Sobre Relacionamentos Amorosos
Essa tendência de construir paredes emocionais não se limita a relacionamentos amorosos. Ela se aplica a amizades, laços familiares e até interações profissionais. Você pode evitar certas conversas ou reprimir seus pensamentos para manter a paz, com medo de que ser honesto possa criar conflito ou distância.
Mas essa abordagem baseada no medo só te limita. Ao se proteger, você perde a oportunidade de uma conexão genuína. Seja no amor, no trabalho ou nas amizades, você corre o risco de alienar as pessoas ao seu redor. E a verdade é que todos queremos ser vistos e compreendidos, mas isso só acontece quando estamos abertos à possibilidade de sermos machucados.
Desconstruindo Suas Defesas
Então, como começar a desmontar essas paredes? Comece sendo honesto consigo mesmo. Reconheça que suas defesas não estão mais te servindo. Talvez elas tenham te ajudado a sobreviver em um momento, mas agora estão impedindo você de prosperar. A terapia é uma excelente ferramenta para explorar esses mecanismos de defesa, oferecendo um espaço seguro para entender por que você os construiu em primeiro lugar.
Você não precisa derrubar todas as suas barreiras de uma vez. Comece pequeno. Permita-se ser vulnerável de maneiras sutis — compartilhe um sentimento, expresse uma necessidade ou permita que alguém veja uma parte de você que geralmente fica oculta. Com o tempo, você começará a ver que o risco da vulnerabilidade vale a recompensa de uma conexão mais profunda.
Confiando em Si Mesmo
Um dos maiores desafios em baixar a guarda é confiar que você ficará bem, não importa o que aconteça. Muitas vezes tememos que, se deixarmos alguém entrar, essa pessoa nos machucará e não conseguiremos nos recuperar. Mas parte do crescimento emocional é aprender a confiar que, mesmo se alguém nos decepcionar ou trair, temos a força para nos curar.
Quando você confia na sua capacidade de se recuperar da dor, você não precisa mais viver com medo. Você pode abraçar relacionamentos com abertura, sabendo que, embora o machucado seja sempre uma possibilidade, ele não precisa te definir. A vida terá altos e baixos, mas a riqueza da experiência está em permitir-se sentir tudo isso.
Vivendo Plenamente
É fácil viver com um pé fora da porta, sempre preparado para recuar no momento em que as coisas ficam difíceis. Mas essa mentalidade impede você de experimentar a profundidade do amor, da alegria e até do luto. É só quando nos envolvemos completamente com a vida, com toda a sua bagunça e incerteza, que começamos a viver plenamente.
Nos relacionamentos amorosos, muitas vezes pensamos que jogar seguro nos protegerá do coração partido. Mas, na realidade, jogar seguro é o que nos faz perder os momentos mais bonitos da vida. Você pode evitar a dor, mas também estará evitando a alegria, a conexão e o amor.
Conclusão: A Vulnerabilidade Leva ao Crescimento
Em conclusão, proteger-se da dor emocional pode parecer seguro, mas limita sua capacidade de viver plenamente. Ser vulnerável significa permitir-se sentir profundamente, ser visto por quem você realmente é e se conectar com os outros de uma maneira significativa. Sim, pode ser assustador, e sim, você pode se machucar. Mas, através da vulnerabilidade, você também se abre para o amor, a conexão e o crescimento. E, no final, não é isso que a vida realmente significa?
P.S: Eu tive a inspiração para escrever este post depois de conhecer Elizabeth Zott nas páginas do livro ‘Uma Questāo de Química’